quinta-feira, 7 de setembro de 2017

RECORDAÇÕES

RECORDAÇÕES

Era primavera! A tarde estava linda na Pousada Jardim do Éden, em Alto Paraíso, o coração da Chapada dos Veadeiros. Em meio aos jardins da pousada, num ambiente de grande beleza, florido, gostoso, perfumado, encantador, com uma cascatinha cujo murmúrio faz s pessoa dormir como um bebê, José lia o Salmo 23, na  Bíblia.Parou subitamente no versículo 4: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.”
A figura de sua amada surgiu na sua frente como surgem no holograma* da televisão. Com a sua linda Maria viveu dias felizes: ir ao mercado, às lojas, à igreja, ao médico, à lanchonete, à sorveteria, esses afazeres tão comuns,  quando  feitos a dois tinham o sabor de algo muito especial. Levá-la até o portão de sua casa era pouco. José  fazia questão de entrar e cumprimentar sua família com muito carinho. Era comum ele levar um presentinho para alguém da família. Uma pulseira que estava na moda, para futura cunhada, Uma bola de futebol  para o caçulinha da casa, um ramalhete de flores para a futura sogra ou um selo antigo para o pai de Maria, que era filatélico fissurado.
Numa manhã chuvosa recebera um telefonema informando-lhe que sua namorada havia passado mal durante a noite e tinha sido internada. O diagnóstico chocou a família: câncer.
sete meses José sentia-se um peixe contorcendo-se na areia quente.
Um ruflar de asas o trouxe de volta da sua viagem ao passado. Murmurou uma prece:
- Obrigado, Deus, pelo dom da vida!
                                                                                  Débora Leonora da Costa, 9º.

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