PAIXÃO
e
LIBERDADE
Trabalho com as palavras
como o carpinteiro, o ourives,
com a madeira e o metal.
Algum sonho, muito barro.
Paixão, é imprescindível.
Não a devastadora,
que te priva dos sentidos,
da inteligência. Paixão:
fascinada encantação
que ponho em tudo o que faço:
um guisado, uma canoa,
uma conversa amorosa;
cantar modinhas antigas,
olhar as constelações.
Mais que tudo, liberdade.
Ninguém pode ser mais livre
do que o artista em seu trabalho.
Arte come e, perdão, caga
liberdade, como a treva
despede estrelas e a noite
entrega a flor da manhã..
FONTE: Os Estatutos do Homem –
Thiago de Mello; organização da coleção Rosemary Alves; Apresentação: Ana
Miranda – p. 23 – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.