sexta-feira, 15 de setembro de 2017

CRÔNICA

O lugar onde vivo

Notícia ou texto literário? Por apresentar múltiplas facetas, mais do que um gênero textual, a crônica traz um olhar particular. Ao recortar cenas do cotidiano, o autor ilumina situações, fatos, dando-lhes destaque, atribuindo-lhes um novo sentido. O que poderia passar despercebido torna-se encantador, envolvente, surpreendente, marcante.
Ao contrário do que parece, a criação de uma crônica não é tarefa simples. Construir um sensível olhar pensante, selecionando e amarrando os detalhes, é o primeiro passo para elaborar um texto interessante que transporta o leitor para a perspectiva do escritor.
A crónica difere da notícia, e da reportagem porque, embora utilizando o jornal ou a revista como meio de comunicação, não tem por finalidade principal informar o destinatário, mas reflectir sobre o acontecido. Desta finalidade resulta que, neste tipo de texto, podemos ler a visão subjectiva do cronista sobre o universo narrado. Assim, o foco narrativo situa-se invariavelmente na 1ª pessoa.

O cotidiano é feito, em sua maior parte, de banalidades, mesquinharias e irritações, esteja você em Paris ou em Barbacena. Observá-las, chamar atenção para elas por meio de linguagem escrita, transformando-as em breves momentos poéticos, é tarefa que requer distanciamento, capacidade de abstração, certa maturidade vivencial — trabalho de cronista, enfim, que resulta, como definem os teóricos, entre o conto e a poesia. (Bernardo Ajzenberg) 

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