“O lugar onde vivo”
Notícia ou texto
literário? Por apresentar múltiplas facetas, mais do que um gênero textual, a
crônica traz um olhar particular. Ao recortar cenas do cotidiano, o autor
ilumina situações, fatos, dando-lhes destaque, atribuindo-lhes um novo sentido.
O que poderia passar despercebido torna-se encantador, envolvente,
surpreendente, marcante.
Ao contrário do que
parece, a criação de uma crônica não é tarefa simples. Construir um sensível
olhar pensante, selecionando e amarrando os detalhes, é o primeiro passo para
elaborar um texto interessante que transporta o leitor para a perspectiva do
escritor.
A crónica difere da notícia, e da reportagem
porque, embora utilizando o jornal ou a revista como meio de comunicação, não tem por finalidade principal informar o destinatário, mas reflectir
sobre o acontecido. Desta finalidade resulta que, neste
tipo de texto, podemos ler a visão subjectiva do cronista sobre o universo
narrado. Assim, o foco narrativo situa-se invariavelmente na 1ª pessoa.
O
cotidiano é feito, em sua maior parte, de banalidades, mesquinharias e
irritações, esteja você em Paris ou em Barbacena. Observá-las, chamar atenção
para elas por meio de linguagem escrita, transformando-as em breves momentos
poéticos, é tarefa que requer distanciamento, capacidade de abstração, certa
maturidade vivencial — trabalho de cronista, enfim, que resulta, como definem os
teóricos, entre o conto e a poesia. (Bernardo Ajzenberg)
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