quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Naryeli Fernandes

MEU CORDEL – Dados sobre minha vida
                                                                         Naryeli Fernandes de Almeida, 5ª. Série





É  Naryeli Fernandes
Meu inconfundível nome
Aprender é meu trabalho
O estudo me consome
É meu sonho ser alguém
Para nunca passar fome.

                                        Por Nary desde criança
                                        Por amigos sou chamada
                                        Quero ser alguém na vida
                                        Não posso ficar parada
                                        Eu tenho muito a aprender
                                        E também sou educada

Estudo pra ser alguém
Não quero ficar pra trás
Também quero viver bem
Com bonança e na paz
Mostrando pra meus amigos       
O que o estudo me faz

                                       E sou também muito simples
                                       Mal não há no coracão
                                       Gosto muito de respeito
                                       Admiro a educação
                                       O meu mestre? É Jesus
                                       Que deu a nós o perdão

Eu nasci em Bandeirantes
Cidade boa e bacana
Um solo de terra fértil
Agricultura é a cana
Nossos pais nela trabalham
Pelas famílias que amam.


Naryeli Fernandes

NOME: Naryeli Fernandes de Almeida, 5ª. Série

MEU CORDEL – Dados sobre minha vida


É/ Na/ry/e/li/ Fer/nan/des
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Meu/ in/com/fun/dí/vel/ no/me
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A/pren/der/ é/ meu/ tra/ba/lho
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O/ es/tu/do/ me/ con/so/me
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É/ Meu/ so/nho/ ser/ al/guém/
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Pa/ra/ nun/ca/ pas/sar/ fo/me.
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Por/ Na/ry/ des/de/ cri/an/ça
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Por/ a/mi/gos/ sou/ cha/ma/da
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Que/ro/ ser/ al/guém/ na/ vi/da
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Não/ pos/so/ fi/car/ pa/ra/da
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Eu/ te/nho/ mui/to a a/pren/der/
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E/ tam/bem/ sou/ e/du/ca/da
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Es/tu/do/ pra/ ser/ al/guém/
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Não/ que/ro/ fi/car/ pra/ trás/
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Tam/bem/ que/ro/ vi/ver/ bem/
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Com/ bo/nan/ça/ e/ na/ paz/
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Mos/tran/do/ pra/ meus/ a/mi/gos       
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O/ que o/ es/tu/do/me/ faz/
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E/ sou/ tam/bem/ mui/to/ sim/ples
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Mal/ não/ há/ no/ co/ra/cão/
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Gos/to/ mui/to/ de/ res/pei/to
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Ad/mi/ro a/ e/du/ca/cão/
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O/ meu/ mes/tre?/ É/ Je/sus/
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Que/ deu/ a/ nós/ o/ per/dão/
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Eu/ nas/ci/ em/ Ban/dei/ran/tes
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Ci/da/de/ boa/ e/ ba/ca/na
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Um/ so/lo/ de/ ter/ra/ fér/til
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A/gri/cul/tu/ra/ é a/ ca/na
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Nos/sos/ pais/ ne/la/ tra/ba/lham
1      2        3        4      5      6      7
Pe/las/ fa/mi/lias/ que/ a/mam.
1    2        3     4     5         6      7



Diástase Emocional

Você cuida da sua parte psicológica da mesma maneira que a parte física? 
Se temos um pequeno corte imediatamente procuramos cuidar e estancar o sangramento.
E quando a lesão, o trauma, ocorre na nossa parte psicológica, emocional, quais os procedimentos corretos a adotar?
Será que diante de um trauma psicológico basta não fazer nada e seguir em diante?
Será que uma lesão deste tipo se cura sozinha ou pode crescer e "infeccionar-se" e causar estragos
que refletirão sob a forma de vários sintomas no corpo?

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Acalme meu passo, Senhor!!!!!!!!


DIA NACIONAL DE AÇÃO DE GRAÇAS:
4ª. QUINTA-FEIRA DO MÊS DE NOVEMBRO

               Acalme meus passos SENHOR! Desacelere as batidas do meu coração, acalmando minha mente mente. Diminua meu ritmo apressado com uma visão da eternidade do tempo.
             Em meio às confusões do dia a dia, dê-me a tranqüilidade das montanhas. Retire a tensão dos meus nervos e músculos, com a música tranqüilizante dos rios de águas constantes, que vivem em minhas lembranças.
             Ajude-me a conhecer o poder reparador do sono. Ensina-me a arte de tirar pequenas  férias: reduzir o meu ritmo para contemplar uma flor, papear com um amigo, afagar uma criança, ler um poema, ouvir uma música preferida.
             Acalme meu passo, Senhor, para que eu possa perceber no meio do incessante labor cotidiano dos ruídos, lutas, alegrias, cansaços ou desalentos, a Tua presença constante no meu coração. 
Acalme meu passo, Senhor, para que eu possa entoar o cântico da esperança, sorrir para o meu próximo e calar-me para ouvir a Tua voz.
Acalme meu passo, Senhor, e inspire-me a enterrar minhas raízes no solo dos valores duradouros da vida, para que eu possa crescer até as estrelas do meu DESTINO  MAIOR.
Obrigado Senhor pelo dia de hoje, pela família que me deste, pelo trabalho e, sobretudo, pela Tua presença em minha vida. Em nome de Jesus, AMÉM!

CONEXÃO BANDEIRANTES
UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO, SAÚDE E BEM-ESTAR
EDUCAR-SE: ESSÊNCIA DO BEM VIVER!!!!!!!!
JM 2016
As verdes bailarinas

                                                                                                                                                                               Aluna: Marcella Correa de Almeida Cooper


          Vivi uma infância muito feliz, pois aproveitei em Quissamã, lugar onde vivo até hoje, cada instante como se fosse único. Morava perto dos canaviais e, ao olhá-los, via as canas bailando sob um lençol verde bem esticadinho.
          Era dentro dos canaviais que eu, parecendo um mosquitinho de tão pequenina, brincava sentindo o cheiro adocicado de melado. Que sensação maravilhosa! As canas eram tão doces e suculentas que não dava para resistir. Lá eu ficava tão encantada que não via o tempo passar e, logo, anoitecia. Dava para ver o céu bordado de estrelas brilhantes, cintilantes... Nossa! Aquilo era um sonho para mim!
          As canas eram as minhas amigas e confidentes, mas elas também desabafavam para mim seus temores das queimadas. Naquele momento, sentia-me muito triste e de coração partido. Eu era apenas uma criança, o que poderia fazer para ajudá-las? Pedia ajuda às nuvens, que mais pareciam algodão-doce de tão fofinhas, na intenção de que elas fizessem chover durante as queimadas e, assim, apagasse o fogaréu. Mas nem sempre elas podiam ajudar. Fazer o quê? A vida aqui era cheia de altos e baixos!
         As canas tinham a época da colheita, a qual eu não podia impedir. Apenas olhava os boias-frias incendiarem os canaviais e sentia que parte de mim se definhava em meio à fumaça. As nuvens, que antes eram alegres e límpidas, diante daquele vapor e daquela escuridão, compartilhavam da minha tristeza e amargura.
          Então era assim: vivia dias sem a companhia das canas e outros, encantadores com elas, os quais até hoje tenho em minha memória e que tempo nenhum os apagará. Guardo-os como meus tesouros. Valeria a pena reviver toda a infância novamente em minha cidadezinha, pois, quando as canas cresciam depois da colheita, era uma paisagem esplendorosa!
         Minhas amigas eram como um bálsamo para a rotina do meu pequeno mundo. Afinal, era com as verdes bailarinas que eu cantava e dançava cantigas de roda. Dava gosto viver nesse meu recanto contemplando as maravilhas que a natureza me proporcionava. Não tem como não ter saudades!
                                                                                    (Texto baseado na entrevista feita com a senhora Márcia Firmino Peroba.)


domingo, 2 de outubro de 2016

Finalista - Crônica - 2012

Meu mundo encantado

                                                                                                            Aluna: Maria da Conceição de Jesus

            O lugar onde eu vivo era muito engraçado, no começo só tinha mato, mas o que mais me encantava era o braço do rio com suas águas refrescantes. Eu tomava banho enquanto ao meu redor os pássaros cantavam, era a coisa mais linda do mundo. Eu e minhas amigas sempre íamos à lagoa da pedra onde a água era verde, linda e com pedra de diversos tamanhos, formas e cores.
           O lugar onde vivo não tem outro igual, aqui vivo com minha família que é tudo pra mim, meu pai e ensina a lidar com a agricultura. Como somos todos trabalhadores, penso logo que eles escolheram o nome certo para este lugar “Batalha”. A minha história está aqui em Batalha e eu nunca a esquecerei porque amo esse lugar em que vivo.
          Contudo, como nem tudo na vida são flores, esse meu mundo encantado está se acabando e o motivo disso é a falta de água. A seca no nosso assentamento é um dos piores problemas. Além de não chover, não temos água encanada, então, nossa solução é pegar água no rio que fica bem distante usando carroças puxadas por burros ou jegues.
          O percurso de casa até a escola era impressionante, antes eu via uma linda paisagem, os matos eram sempre verdes e uma brisa bem fresquinha entrava pela janela do ônibus, por ela eu ficava olhando tudo aquilo, mas hoje já não tem toda aquela beleza. Tudo mudou, os pássaros estão sumindo e o desmatamento está levando todas aquelas árvores lindas, que só nos faziam o bem com suas sombras.
          Com a falta das lágrimas de alegria de Deus, as árvores não crescem como antes, porque agora Deus derrama lágrimas de tristeza, porque tudo que ele criou está sendo destruído a cada dia que passa.
          Este meu mundo encantado em que vivo não é só meu, mas de todos aqueles que vivem aqui, e , por isso, temos de cuidar dele. Quando aqui chegamos, lutamos tanto para conseguir nosso pedacinho de chão, agora que realizamos esse desejo temos de cuidar do que é nosso. Até porque o sofrimento foi muito grande, como Batalha era controlada por fazendeiros, nossas famílias lutaram contra eles, que não nos deixavam entrar nas fazendas, havia até pistoleiros nas estradas.
          Quantas dificuldades passamos, para fazer comida era necessário pegar galhos de algodão de seda, quanto sacrifício para viver, ainda assim não desistimos, viemos morar neste lugar, limpamos a fazenda e fizemos os nossos barracos, onde moramos até pouco tempo, porque atualmente moramos em casas de bloco.
         Com a ajuda de Deus demos passos para frente, nossa condição de vida atual não é tão ruim, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos me considero viver em bênção, minha casa é meu palácio e o meu assentamento é um conto de fadas. Minha felicidade é enorme por viver com todos aqueles que eu amo e por eles fazerem parte desse meu eterno mundo encantado.

Professora: Aparecida Xavier Ferreira
Escola: N. E. Batalha – Bom Jesus da Lapa (BA)


Finalista - Crônica - 2012

O senhor dos covos

                                                                                   Aluno: Elias dos Santos Marinho

           Não há nada melhor do que fazer o que a gente gosta! Escrever, rimar ou cronicar. Tanto faz! O importante é liberar o olhar encardido para o meu quintal.
          O que a mente me traz pro dia de hoje são os covos. Ontem, andando pelas trilhas que nos levam à Fonte da Juventude, sob um sol de rachar os miolos, até de um menino como eu, encontrei o Meu Senhor.
          Sentado em um toco de uma jaqueira, o mestre fumava um cigarro apavorante. No meio de talas e cipós, o cheiro do fumo incendiava o pasto. E o velho senhor, lá, ruminando os sonhos de quem acredita ainda na natureza para arrancar alguns trocados.
          De cócoras, tasquei um olhar para o poço e refletido nas águas aluviadas do riacho: o Senhor dos ovos. Aquela cena me lembrava a de um guerreiro, o Zumbi dos Palmares, rompendo o limite entre a luta, o golpe, e o destino.
          E as lutas daquele senhor negro são muitas: uma delas é ser o construtor de covos. Meu Senhor agarra camarão com eles, depois vende na feira e entrega o dinheiro para sinhá Maria.
         Pense em um trabalho miúdo de doer. Depois de cortar a taboca em pequenas talas, o artista usa uma espécie de cipó par enredar cada haste, fazendo uma espécie de cone. E são esses covos que os pescadores daqui usam para pescar camarões. “Ás vezes, a lontra nos tira a renda do dia”, reclama Zé Neguinho, olhando pra mim, quase que gemendo.
          Nesse momento foi a minha barriga que gemeu. Roncou, roncou feio! Encolhi-me.
          — Tá com a pança roncando, menino?
          — Não, senhor!
          — Se quiser chegue pra cá e pegue um pedaço de pé de moleque, pois, camarão, só amanhã!
          Não disse mais nada, emudecido fiquei a contemplar aquele homem com as suas pelejas para sobreviver. A força dele me comove e me leva a ver entre as bananeiras daquela fonte, as fitas coloridas daquele mestre, o Mateus do Reisado. O seu canto agora invade meus pensamentos.
205 Continuo minha sina. Olho pra trás e vejo lá longe o Senhor dos Covos, a afinar as talas.
          Pego-me cantando “Já chegou as onze estrelinhas...”, não tenho dúvida que ele é umas das onze estrelinhas, e com o seu raio dourado ainda vai iluminar muitas outras histórias de resistência. O vaqueiro, o marcador, o cantor, o rezador, o toador, o pescador...
          Enquanto ainda o camarão resistir, o Senhor dos Covos estará nas canoas da vida, fazendo as águas carregarem o peso do fazer do povo.

Professor: Luciano Acciole Gomes
Escola: E. M. Vereador João Prado – Japaratuba (SE)



Finalista - Crônica - 2012

Minha janela

                                                                            Aluna: Maria Izabel Trivilin Pereira

          É no despertar de cada dia, entre as paredes do meu quarto, que dirijo o olhar para o quadro
mais perfeito que o artista já pintou: minha janela!
          Dela posso admirar a vastidão do horizonte com seus campos verdejantes, iluminados pelos raios de sol que logo pela manhã surgem para aquecer a terra e meu coração. Outras vezes observo a chuva que de mansinho vai molhando o chão trazendo vida nova a todos os seres.
          Entre árvores que freneticamente dançam embaladas pelo vento, que ora triste, ora alegre, nunca param, uma delas me chama a atenção. Isolada e tímida cercada por uma vegetação rasteira, lá está ela: “O Pé de Cedro”, que segundo a lenda, nasceu de um ramo colocado sobre a cova de um pobre homem, já com sua alma vendida ao diabo, enterrado naquele local.
          Passando pelo pé de cedro, logo ali, visto num só olhar, pequenas casas com suas chaminés anunciando a refeição a ser servida, redes estendidas nas varandas, a igrejinha de uma torre só, animais pastando na praça. “Ah Mário Quintana, o que temos em comum?”
          Levantada ao lado da igrejinha, a fogueira admirada por centenas de pessoas de toda a redondeza,
em noites de São João. Atração principal da festa, com seus mais de vinte metros de altura, mantém-me ali, com o olhar fixo, espremida entre a multidão, enquanto rapidamente suas enormes labaredas tocam o céu todo enfeitado com sua constelação. São essas coisas simples e ao mesmo tempo mágicas que me fazem cada vez mais, amar o lugar onde vivo; um refúgio onde o progresso ainda não chegou.
          Sentindo-me privilegiada em morar nos braços da “mãe natureza”, por não ouvir o som do serrote, não inalar a fumaça que afugenta, que mata, que destrói. Quero continuar acordando todos os dias e olhar pela minha janela com a certeza de que tudo continuará ali, tal qual uma tela, que tem o poder de eternizar cada momento.
          E se um dia, por acaso, o destino levar-me para distante daqui, não me desesperarei, pois serei sempre como as andorinhas que habitam os beirais de minha casa.
Professora: Sueli Rodrigues Alves
Escola: E. E. E. F. São João — Ubiratã (PR)



Menino ladino

                                                                                Aluna: Mara Domingos da Silva

           No mês de agosto, a minha cidade recebe a visita de um menino malandro e muito agitado. Logo pela manhã, quando acordo, já ouço o seu assobio melodioso. Tomo o meu café rapidamente e vou para fora. Lá encontro o menino e ele já começa a me provocar, bagunçando os meus cabelos, sacudindo as minhas roupas, quase me carregando para onde ele vai, mas fico firme e sigo em frente. Por um minuto ele some, e logo volta, com mais força, levando consigo os aromas da natureza e das pessoas que encontra.
          Vou para a escola e ele me acompanha com muita alegria. Toca o sinal para começar a aula e tenho que deixá-lo lá fora. Mas, quando olho pela janela, vejo o moleque convidando as árvores. Viro-me para prestar atenção no que a professora diz, de repente alguém bate à janela buscando atenção, olho e não vejo nada, então fico atenta, a fim de escutar o seu chamado suave. Uma batida na porta. A professora abre prontamente, ele entra com felicidade e carrega tudo que vê pela frente: papéis, lápis, cortinas... Entretanto, o que ele mais gosta de carregar são os nossos cabelos. Ah! Menino ladino!
          À tarde eu vou para a fazenda e o menino vai comigo, cantando de um jeito que só ele sabe: ssssssss. Nas lavouras de trigo até parece um professor que ensina os alunos a dançar balé. É lindo ver a plantação sendo conduzida por ele, em ondas, em voltas e reviravoltas.
          Volto para casa e ele me acompanha, invade a minha vida e com insistência me convida para brincar. Às vezes, resolve seguir outras direções e desaparece. Depois de algum tempo retorna, ora discreto, ora atrevido, disposto a não mais nos deixar. À noite, quando me deito e a cidade fica em silêncio ouço o seu canto novamente, parece que está cantarolando uma canção de ninar para eu dormir, fecho os olhos e tenho a impressão de ouvi-lo sussurrar ao meu lado e assim adormeço.
          Quando setembro chegar ele irá embora, deixando um rastro de saudade no ar. Assim são os ventos do mês de agosto em São Pedro do Iguaçu: um moleque arteiro que vive a aprontar, deixando tudo fora do lugar.

Professora: Lucilene Aparecida Spielmann Schnorr

Escola: C. E. E. F. M. São Pedro – São Pedro do Iguaçu (PR)
O código

                                                                              Aluna: Gabriela Dalbosco

          Toca o sino. O dia que estava aparentemente normal, muda drasticamente. No colégio a agitação cessa, a sala de aula se resume em baixos sussurros e os corredores se preenchem de silêncio. A pressa estampada no rosto das pessoas se dissolve e dá lugar à preocupação. Ou será à curiosidade?
          Naquela pequena cidade do interior acontecia assim, uma badalada a cada cinco segundos notificava o que ninguém gostava de ouvir. Porém, o fato de ser um barulho indesejável não impedia que, de quando em quando, o sino tocasse; e a forma com que as pessoas reagiam diante do fato era sempre a mesma.
          Aquele era o barulho que os fazia instantaneamente desviar suas atenções e pensamentos para as pessoas de maior valor em suas vidas. Era o “choque de realidade” que recebiam. Era o lembrete de que o tempo é curto e passa depressa; a notificação de que a ordem natural das coisas nunca se altera.
         Mas, nem sempre o badalar do sino espalhava tristeza. Às quintas-feiras, aos sábados e domingos ele funcionava como uma espécie de relógio, avisando às viúvas que era chegada a hora de se arrumar para visitar seu santo conselheiro; confirmando à vovó que o vovô estava certo quando a mandou se apressar com o banho para conseguir um lugar privilegiado entre os bancos; lembrando aos preguiçosos e festeiros que daquela hora em diante o barulho era visto como um sinal de desrespeito. Este badalar constante passava uma sensação rotineira e não causava impacto nas pessoas.
          O outro badalar não. Ele era temido até pela criança rebelde da sala de aula, pois seu avô encontrava-se no hospital. Era temido pela bibliotecária cujo marido fazia bico em uma serraria; e também pela moça que após uma discussão, não teve notícias de seu namorado. Era temido por estampar uma verdade: Ainda não foi encontrada uma solução para reverter o ciclo da vida. E infelizmente, querendo ou não, todos temem a verdade.

Professora: Dirlene Maria Ambrósio da Silva

Escola: E. E. E. B. Aratiba – Aratiba (RS)