sábado, 12 de janeiro de 2019

CHOQUE DE REALISMO


CHOQUE DE REALISMO

Vi sem nenhuma surpresa, que somente 65% dos brasileiros acredita que o novo governo será bom ou ótimo. Não existe, a meu ver, nessa estatística, nenhum juízo de valor em relação a Bolsonaro ou ao seus ministros! Vejo sobretudo, que os cidadãos deste país estão mais realistas e começam a acreditar veementemente, que nada surge do nada, nem existe mágica para resolver os seus problemas. Ora, isto é um excelente começo! Temos visto ao longo dos anos manifestações pueris, principalmente na noite de Réveillon ou no início de novos governos, em que os cidadãos creditam ao novo em si, a solução dos problemas e o desenvencilhar dos nós e gargalos da nossa economia
Reconheço, é claro, que no fracionamento do tempo e na consequente possibilidade de mudança de ciclos e de anos, o ser humano é possuído por um entusiasmo e vontade de mudança, incríveis. Sei também, que o desejo e a projeção para novas situações mais benfazejas, levam necessariamente à mudança de hábitos e atitudes, que são gêneses do surgimento do que realmente se quer atingir. Poderíamos dizer sem exagero, que quando o homem quer, algo acontece! A virada do ano é geralmente acompanhada de aspirações e projetos para o ano seguinte que em inúmeros casos acabam mudando a vida das pessoas. Tudo isso é bom, tudo isso é legítimo. O novo ano terá a cara dos que nele viverem deixando para trás velhos e caducos hábitos. A cada dia, a cada novo ciclo, nos reinventamos e nos damos a possibilidade de sermos melhores e mais humanos.
O governo que agora começa, está repleto de intenções e estratégias para reduzir o déficit, gerar empregos e colocar a casa em ordem. Não poderia ser diferente, tendo em conta que uma das bandeiras de campanha era o rompimento com o passado. O presidente e os seus ministros pretendem dar ao Brasil um ritmo de crescimento que seja alvissareiro para os milhões de desempregados e devolva ao país a confiança internacional. Ao nomear um juiz da Lava Jato para ministro da Justiça, dá indicações claras que quer virar a página da corrupção e criar mecanismos para inibi-la. Existem, portanto, razões para acreditar que 2019 será um ano de grandes mudanças. Afinal, a boa vontade dos protagonistas foi explicitada em nomes e situações que assim nos levam a crer.
Mas, os 65% de confiança nesse governo em termos de sucesso, mencionados atrás, é o menor número desde 1989! Isso não é um detalhe. A sabedoria popular diz que gato escaldado de água fria tem medo! O brasileiro comum com mais de 50 anos já viu e sentiu na pele esse mesmo filme, que tantos dissabores lhe trouxe. Não se trata de pagar para ver! Trata-se, sim, de ter os pés no chão. Homens não fazem milagres e quando esses existem, pertencem à esfera do extraordinário, promovidos por Deus. As ótimas intenções e desejos precisam de um trilho adequado para que o trem passe e dê configuração ao que os mandatários se propõem. A tal da recuperação da economia por exemplo, é o grande desejo da totalidade dos brasileiros, mas infelizmente depende de incontáveis fatores internos e externos. A eliminação da corrupção é literalmente impossível, pois faz parte de qualquer sociedade conviver com índices, ainda que mínimos, dessa autêntica chaga social. Esperemos apenas do governo leis rigorosas e o cumprimento das atuais,  para diminuí-la. O que já seria um enorme presente de Ano Novo. Acabar com o déficit das contas públicas, parece uma equação facílima que qualquer dona de casa conhece, mas, o Estado brasileiro demanda uma reforma gigante para que isso seja possível sem inviabilizar seu funcionamento; se virmos sinais de que pretende gastar menos que arrecada, já é um excelente começo!
O choque de realismo acontece, quando se vê a realidade da forma mais verossímil possível e todos se sentem corresponsáveis pelas melhorias almejadas cobrando dos governantes de plantão, as promessas efetuadas. Que venha então um Novo Ano e um excelente governo!
                                                               MANUEL JOAQUIM DOS SANTOS
                                                                               - padre em Londrina

FONTE: FOLHA DE LONDRINA, SEXTA-FEIRA, 04 DE JANEIRO DE 2019 – FOLHA OPINIÃO – ESPAÇO ABERTO - p. 2

Réveillon é o substantivo masculino com origem no idioma francês usado para descrever uma festa de passagem de ano.
Quanto à etimologia, réveillon tem origem no verbo em frânces réveiller, que significa "acordar" ou "reanimar" (em sentido figurado). Assim, o réveillon é o despertar do novo ano. – FONTE: https://www.significados.com.br/reveillon/ - 04/01/19 – 16:16


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