O código
Aluna: Gabriela Dalbosco
Toca o sino. O dia que estava
aparentemente normal, muda drasticamente. No colégio a agitação cessa, a sala
de aula se resume em baixos sussurros e os corredores se preenchem de silêncio.
A pressa estampada no rosto das pessoas se dissolve e dá lugar à preocupação.
Ou será à curiosidade?
Naquela pequena cidade do interior
acontecia assim, uma badalada a cada cinco segundos notificava o que ninguém
gostava de ouvir. Porém, o fato de ser um barulho indesejável não impedia que,
de quando em quando, o sino tocasse; e a forma com que as pessoas reagiam
diante do fato era sempre a mesma.
Aquele era o barulho que os fazia
instantaneamente desviar suas atenções e pensamentos para as pessoas de maior
valor em suas vidas. Era o “choque de realidade” que recebiam. Era o lembrete
de que o tempo é curto e passa depressa; a notificação de que a ordem natural
das coisas nunca se altera.
Mas, nem sempre o badalar do sino
espalhava tristeza. Às quintas-feiras, aos sábados e domingos ele funcionava
como uma espécie de relógio, avisando às viúvas que era chegada a hora de se
arrumar para visitar seu santo conselheiro; confirmando à vovó que o vovô
estava certo quando a mandou se apressar com o banho para conseguir um lugar
privilegiado entre os bancos; lembrando aos preguiçosos e festeiros que daquela
hora em diante o barulho era visto como um sinal de desrespeito. Este badalar
constante passava uma sensação rotineira e não causava impacto nas pessoas.
O outro badalar não. Ele era temido
até pela criança rebelde da sala de aula, pois seu avô encontrava-se no
hospital. Era temido pela bibliotecária cujo marido fazia bico em uma serraria;
e também pela moça que após uma discussão, não teve notícias de seu namorado.
Era temido por estampar uma verdade: Ainda não foi encontrada uma solução para
reverter o ciclo da vida. E infelizmente, querendo ou não, todos temem a verdade.
Professora:
Dirlene Maria Ambrósio da Silva
Escola: E. E. E. B.
Aratiba – Aratiba (RS)
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