Menino ladino
Aluna: Mara Domingos da Silva
No mês de agosto, a minha cidade
recebe a visita de um menino malandro e muito agitado. Logo pela manhã, quando acordo,
já ouço o seu assobio melodioso. Tomo o meu café rapidamente e vou para fora.
Lá encontro o menino e ele já começa a me provocar, bagunçando os meus cabelos,
sacudindo as minhas roupas, quase me carregando para onde ele vai, mas fico
firme e sigo em frente. Por um minuto ele some, e logo volta, com mais força,
levando consigo os aromas da natureza e das pessoas que encontra.
Vou para a escola e ele me acompanha
com muita alegria. Toca o sinal para começar a aula e tenho que deixá-lo lá fora.
Mas, quando olho pela janela, vejo o moleque convidando as árvores. Viro-me
para prestar atenção no que a professora diz, de repente alguém bate à janela
buscando atenção, olho e não vejo nada, então fico atenta, a fim de escutar o
seu chamado suave. Uma batida na porta. A professora abre prontamente, ele
entra com felicidade e carrega tudo que vê pela frente: papéis, lápis,
cortinas... Entretanto, o que ele mais gosta de carregar são os nossos cabelos.
Ah! Menino ladino!
À tarde eu vou para a fazenda e o
menino vai comigo, cantando de um jeito que só ele sabe: ssssssss. Nas lavouras
de trigo até parece um professor que ensina os alunos a dançar balé. É lindo
ver a plantação sendo conduzida por ele, em ondas, em voltas e reviravoltas.
Volto para casa e ele me acompanha, invade a
minha vida e com insistência me convida para brincar. Às vezes, resolve seguir
outras direções e desaparece. Depois de algum tempo retorna, ora discreto, ora
atrevido, disposto a não mais nos deixar. À noite, quando me deito e a cidade
fica em silêncio ouço o seu canto novamente, parece que está cantarolando uma
canção de ninar para eu dormir, fecho os olhos e tenho a impressão de ouvi-lo
sussurrar ao meu lado e assim adormeço.
Quando setembro chegar ele irá
embora, deixando um rastro de saudade no ar. Assim são os ventos do mês de
agosto em São Pedro do Iguaçu: um moleque arteiro que vive a aprontar, deixando
tudo fora do lugar.
Professora:
Lucilene Aparecida Spielmann Schnorr
Escola: C. E. E. F. M.
São Pedro – São Pedro do Iguaçu (PR)
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