Rua Fantasma
Aluno: Erick Peter Melo Brooman
A rua onde moro, chamo carinhosamente
de “Rua Fantasma”. Acordo todos os dias às cinco da manhã e parto para minha
jornada de treino. Sigo pelo caminho vazio e os únicos seres que vejo são cães
que me olham fixamente como se estivessem tramando algo. Às vezes, acho que eles
vão me atacar. Volto para casa e vejo um casal de velhinhos caminhando com um
ritmo lento, quase parando. Pergunto-me se vou chegar àquela idade e concluo
que não vale a pena chegar a uma etapa tão frágil. Penso se alguém cuidará de
mim.
Tantas pessoas quanto de manhã tem à
noite. Volto às 22 horas e fico realmente impressionado com o vazio da rua e a
falta de vida. Olho em volta e não vejo nada além de uma árvore quase morta
pela falta d’água. Diferente da manhã, à noite o que me acompanha pela
solitária caminhada são gatos que, diferentemente dos cães, vivem soltos. E
isso me dá mais medo do que possa acontecer.
Existem prédios e mais prédios,
pessoas e mais pessoas atrás de portas fechadas em si mesmas, vários mundos num
mesmo espaço. Tanta gente e nenhum contato com o silêncio do próximo, nenhum
diálogo. Questiono-me se possuem alma ou se a sociedade já se encarregou de sugá-las.
Rostos vazios e olhos sem brilho, aparência triste e solitária de pessoas que
ora me assustam, ora me fazem sentir pena, nos raros momentos em que nos
cruzamos. Pessoas com quem eu convivia vêm em minha direção. Passam por mim,
mas acho que para elas não existo.
Essa é a Rua Baltazar da Silva
Lisboa, em Recife. Mas para mim, sempre será a Rua Fantasma, cheia de corpos
vazios, sem alma nem sentimentos.
Professora:
Beatriz Coelho da Silva
Escola: E. R. E. M.
Oliveira Lima – Recife (PE)
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