Cidade qualquer,
dia qualquer
Aluna: Izabela Garcia Roman
Cidade pequena, cidade comum, cidade
qualquer, como um dia cantou o poeta. Cidade que o mundo desconhece e onde o
sol vigoroso, quase todos os dias, aparece inexorável, pondo fim à solidão da
noite anterior. Como em um dia qualquer, o galo vem roubar seu descanso,
anunciando em alto e bom tom, o recomeço da batalha pelo pão nosso de cada dia.
Como um teleguiado, guia seus passos
na direção do grande e mal iluminado barracão. Roboticamente, bate o cartão de
ponto. Claustrofóbico, mal ventilado, lá, amontoam-se tecidos, linhas, agulhas,
pessoas, cheiros, sonhos, frustrações. Tudo costurado pelo tremendo “tritritri”
das máquinas que tremem ao sabor do trabalho das costureiras que, como ela,
calam-se diante da conhecida sinfonia.
Grande fonte de renda da região, as
fábricas de jeans proliferam-se no entorno da cidade e, parecem ainda, surgirem
da noite para o dia.
Toma do tecido áspero. Sem emoção,
desliza-o sobre a máquina. Vê suas mãos sobre ele. Por um instante duvida: serão
realmente suas? Mãos azuis que confirmam que está lá! Suas preocupações
costuram-se ao interminável e monótono ritmo que mora, há três anos em sua
cabeça: as contas para pagar... tritritri... as crianças na esco...
tritritri... o marido desemprega... tritritri... os... tritritri...
O tempo passa nessa melodia sem
fim. Repentinamente, outro som se sobrepõe à entediante orquestra, desfazendo
no ar o tecido feito de retalhos de pensamentos. O apito cessa. Levanta-se.
Sai. Coberta de céu, alinhava mais um dia.
Professora: Panagiota Thomas
Moutropoulos Aparício
Escola: E. M. E. F. Prof. Athayr da
Silva Rosa – Urupês – SP
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