7ª LEI: PROTEGER OS
SOLOS DA MEMÓRIA
Todos querem o perfume
das flores, mas poucos sujam as mãos para cultivá-las...
Proteger
os solos da memória é cuidar da qualidade dos arquivos conscientes e inconscientes
que contêm os segredos da nossa personalidade.
É
se preservar do registro do medo, do desespero, das mágoas, enfim, do lixo de
nossa existência. É também reescrever os arquivos doentios já arquivados.
Todos
se preocupam com os arquivos dos computadores, mas raramente alguém se preocupa
com as mazelas e misérias arquivadas em sua memória. Se não protegermos a memória,
é possível ter uma vida completamente infeliz, mesmo com uma infância saudável.
Por
favor gravem isso. Nos computadores o registro depende da vontade, na memória
humana o registro dos pensamentos e emoções é involuntário, realizado pelo
fenômeno RAM (registro automático da memória). Nos computadores, a tarefa mais
fácil é apagar os arquivos; no homem é impossível, a não ser por traumas
cerebrais.
Embora
difícil, precisamos aprender a proteger a nossa memória. Toda angústia, medo,
agressividade e idéias negativas registram-se e não podem mais ser deletadas,
só reeditadas. Diariamente, você planta flores ou constrói favelas na sua
memória. Como assim?
AS FAVELAS DA MEMÓRIA
Vamos
comparar a memória com uma grande cidade, cada bairro com um arquivo e cada
endereço com uma informação. Diariamente arquivamos novas informações que
constroem belos bairros ou áridas favelas. Por isso há ricos pobres e pobres
ricos.
Muitos
moram em bairros nobres, querem ficar distantes das zonas pobres. Mas nos solos
de sua memória pode haver inúmeras favelas, arquivos doentios. Alguns são
privilegiados financeiramente, mas miseráveis interiormente. Em duas mansões há
jardins, mas na sua emoção há tristeza e desolação.
FOBIAS
As
fobias são provenientes de uma interpretação distorcida que gera um registro
exagerado de um objeto fóbico: insetos, animais, pessoa, ambiente. A
claustrofobia é o medo de lugar fechado, tal como um elevador; a acrofobia é o
medo de altura; a fobia social é o medo de lugares públicos; a fobia simples é
o medo de insetos e animais. Mas o pior tipo de medo é o medo do medo.
O
fenômeno RAM fotografa bilhões de experiências durante nossa existência. Todos
nós, mesmo os que tiveram uma infância feliz, adquirimos enormes favelas no
inconsciente. Quais são as suas favelas?
UMA BARATA MAIS PODEROSA DO QUE UM SEQUESTRADOR
Dependendo do volume de tensão, as experiências existenciais podem
ser registradas de maneira tão traumática que controlam a inteligência. Uma
barata pode ser registrada como um monstro, um elevador como um cubículo sem
ar, uma reunião em grupo, como um ambiente agressivo e castrador.
Lembro-me
de uma paciente que foi seqüestrada e ficou mais de um mês no cativeiro. Sabe
qual a primeira coisa que ela perguntou aos seqüestradores? Se haveria baratas
no ambiente em que ela ficaria.
O
medo de baratas apavorava-a mais do que os seqüestradores. Por quê? Porque na
sua infância registrou a imagem de adultos em pânico diante de baratas. Infelizmente
havia no cativeiro muitas baratas. Uma cobra apareceu e quase a picou, mas nada
a perturbou tanto quanto as baratas.
Para
dormir ela suplicava calmantes aos seqüestradores. O medo encarcerou sua liberdade.
Há medo de todos os tipos: medo de perder o emprego, de ser assaltado, de um
ataque terrorista, de andar de carro, de ficar sozinho, de ser rejeitado, de
fracassar. Quais são seus medos?
UM MEDO MUITO ESTRANHO
Recentemente uma jovem universitária disse-me que tinha um medo
incomum: pavor de pássaros. Um trauma na infância levou-a a ter medo das
inofensivas aves. Contou-me que podia enfrentar um cachorro bravo, mas não um
beija-flor. Como nossa mente é complexa!
Quem
controla a nossa mente não é a realidade real de um animal, pessoa ou situação,
mas a realidade emocional registrada na memória.
Temos
uma fantástica inteligência, deveríamos ser livres, mas facilmente criamos gigantes
em nosso inconsciente que nos ameaçam e nos aprisionam.
ESQUECIMENTO
Nossa
memória é inúmeras vezes mais sofisticada do que a de um supercomputador. Mas
as pessoas estão reclamando de que estão esquecidas, com memória “fraca”. Elas
esquecem encontros, objetos, novas informações. Desesperadas, procuram médicos,
mas nada encontram. Deixe-me dar uma refrescante notícia.
Não
existe memória fraca, mas bloqueada, devido à proteção cerebral. Como o cérebro
tem mais juízo do que nós, ele trava a memória para evitar que pensemos muito e
gastemos energia excessiva. Bendito esquecimento.
UMA BOA NOTÍCIA PARA JOVENS E ADULTOS
Quer abrir as janelas da memória e libertar a
inteligência? Quer brilhar na s reuniões de trabalho e emitir opiniões lúcidas?
Quer ser uma fera intelectual nos concursos e entrevistas?
Primeiro
estude dedicadamente. Segundo, controle a fera da insegurança e do medo que
habita em sua emoção! O cérebro interpreta o medo como se sua vida estivesse em
perigo, por isso bloqueia os arquivos e produz os famosos “brancos”. Você tem
uma fantástica inteligência. Mas lembre-se de que o medo de falhar acelera a
derrota.
DICAS PARA PROTEGER A MEMÓRIA
Viva
intensamente “as leis” para ser feliz: contemple o belo, gerencie a emoção,
trabalhe perdas. Mas o que fazer com os traumas já registrados? É necessário
reeditar o filme do inconsciente, sobrepondo novas experiências sobre as
antigas. Eis o maior desafio da inteligência!
É
necessário “criticar” diariamente as imagens doentias da memória que nos
controlam. É necessário também “não pedir” mas “determinar” ser alegre, ousado,
seguro, saudável. Essas ferramentas reurbanizam as favelas do medo, do ódio, da
autopunição e nos libertam.
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