sexta-feira, 24 de junho de 2016

Cidade qualquer, dia qualquer

Cidade qualquer, dia qualquer

                                                                                         Aluna: Izabela Garcia Roman


          Cidade pequena, cidade comum, cidade qualquer, como um dia cantou o poeta. Cidade que o mundo desconhece e onde o sol vigoroso, quase todos os dias, aparece inexorável, pondo fim à solidão da noite anterior. Como em um dia qualquer, o galo vem roubar seu descanso, anunciando em alto e bom tom, o recomeço da batalha pelo pão nosso de cada dia.
          Como um teleguiado, guia seus passos na direção do grande e mal iluminado barracão. Roboticamente, bate o cartão de ponto. Claustrofóbico, mal ventilado, lá, amontoam-se tecidos, linhas, agulhas, pessoas, cheiros, sonhos, frustrações. Tudo costurado pelo tremendo “tritritri” das máquinas que tremem ao sabor do trabalho das costureiras que, como ela, calam-se diante da conhecida sinfonia.
           Grande fonte de renda da região, as fábricas de jeans proliferam-se no entorno da cidade e, parecem ainda, surgirem da noite para o dia.
          Toma do tecido áspero. Sem emoção, desliza-o sobre a máquina. Vê suas mãos sobre ele. Por um instante duvida: serão realmente suas? Mãos azuis que confirmam que está lá! Suas preocupações costuram-se ao interminável e monótono ritmo que mora, há três anos em sua cabeça: as contas para pagar... tritritri... as crianças na esco... tritritri... o marido desemprega... tritritri... os... tritritri...
            O tempo passa nessa melodia sem fim. Repentinamente, outro som se sobrepõe à entediante orquestra, desfazendo no ar o tecido feito de retalhos de pensamentos. O apito cessa. Levanta-se. Sai. Coberta de céu, alinhava mais um dia.

Professora: Panagiota Thomas Moutropoulos Aparício
Escola: E. M. E. F. Prof. Athayr da Silva Rosa – Urupês – SP



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